O caótico Morcegos Negros

Que a História política do Brasil é mais complexa que os mais complicados roteiros da ficção, isso não é novidade para ninguém. Desembaraçar os fios das tramas governamentais é um trabalho ardoroso tanto para historiadores quanto para jornalistas e investigadores criminais, mas isso não quer dizer que seja impossível e nem mesmo que a linha narrativa tenha de ser desdenhada. E em Morcegos Negros – escrito pelo jornalista Lucas Figueiredo e publicado em 2000 – a complexidade da trama do Esquema PC fica clara ainda nas primeiras páginas, mas as escolhas narrativas do autor não conseguem decodifica-las.

O livro, publicado pouco depois do auge dos escândalos, narra as artimanhas implantadas ao longo do Governo Collor, desde a candidatura até o processo de impeachment do presidente – entre 1989 e 92 – e segue pelo desfecho do esquema armado pelo empresário Paulo Cesar Farias, passando por sua morte e a posterior investigação de suas ligações com a Máfia Italiana e o tráfico de cocaína – descobertos ao final da década de 1990.

Tesoureiro da campanha eleitoral de Fernando Collor e homem de confiança do presidente durante os anos de governo, Farias montou um grande esquema de desvio de dinheiro. Segundo o livro, o esquema liderado por Paulo Cesar teria desviado, no mínimo, 400 milhões de dólares. Entretanto, alguns especialistas menos conservadores sugerem que o valor tenha chegado à casa de um bilhão – lembrando que esses são valores de 20 anos no passado que, se corrigidos, hoje seriam bem maiores.

O processo de impeachment do presidente Collor acontece em dezembro de 1992 e, poucos meses depois, a Polícia Federal descobre parte dos desvios de PC, que tem sua prisão decretada em junho de 1993 – mas consegue fugir para o exterior. A caçada ao empresário mobiliza a Interpol e ele acaba sendo preso na Tailândia.

O Presidente Collor ao lado de PC Farias e da Ministra da Economia Zélia Cardoso de Mello

O auge da trama acontece em 1996, quando Farias é assassinado em circunstâncias misteriosas. A investigação envolve especialistas forenses de diversas universidades e instituições do país, mas o caso nunca foi resolvido e o mistério sobre a morte de Paulo César Farias é ainda um dos maiores fantasmas da História recente do Brasil. As centenas de milhões desviados dos cofres públicos e das doações nunca foram encontradas. Os montantes saltavam de conta em conta, por diversos bancos no exterior, mas o caminho e o destino final dos valores nunca foram esclarecidos.

A surpresa maior aconteceu ainda no final daquele ano, quando procuradores da Itália descobriam uma ligação de Farias com a Máfia Italiana e o tráfico internacional de cocaína. Mas essa é apenas outra parte da história que ainda hoje também não tem solução.

 Apesar do subtítulo do livro, que diz ser esta “a história que o Brasil não conheceu”, a maior parte do texto trazia fatos já conhecidos pela imprensa da década de 1990. Mas a obra conta ainda com uma vasta pesquisa do autor e fatos inéditos relacionados à apuração do caso. O livro chamou a atenção na época do lançamento, figurando nas listas de mais vendidos. Em 2013, a Editora Record relançou o volume com um posfácio e novas informações sobre o caso. Ainda assim, o texto original continua caótico – talvez reflexo dos fatos.

Ao autor, caberia apenas a função de unir todo o material e apresenta-lo de uma forma atrativa e compreensiva ao leitor. Entretanto o que foi feito por Lucas Figueiredo é uma confusão de datas montadas da forma mais aleatória possível.

É claro que uma história não precisa ser contada linearmente. Pelo contrário, alguns dos melhores romances possuem linhas narrativas quebradas e reorganizadas, partindo do final para voltar ao início ou destacando fatos importantes nos primeiros capítulos para contextualizá-los posteriormente. Mas Figueiredo, após compilar e escrever todo o seu material, parece ter embaralhado os capítulos sem nenhuma lógica. O livro é uma sucessão de idas e vindas no tempo, começando em 1994, saltando para 97, retornando a 95 e então de volta a 93, para depois saltar para 97 novamente e assim por diante: uma narrativa confusa e sem motivos para ser desta forma.

O autor, Lucas Figueiredo

Hoje, já na casa dos 50 anos, Figueiredo é um dos mais renomados e respeitados jornalistas do país, colecionador de prêmios literários (Esso, Vladmir Herzog, Embratel entre outros) e especialista na cobertura política. Mas ao final dos anos 1990, sua literatura parecia ainda estar engatinhando e as escolhas narrativas de Morcegos Negros acabam por confundir ainda mais um caso que por si só já é confuso.

Ao leitor, fica a vontade rasgar a encadernação do livro e remonta-lo em ordem temporal, para ver se se consegue um pouco mais de compreensão.

Se a intenção era, ainda que minimamente, desmistificar parte do Esquema PC, o resultado é o contrário: o Morcegos Negros parece corroborar para que ninguém jamais entenda o que realmente aconteceu ao longo do conturbado Governo Collor. Mas essas confusões são uma história que o Brasil conhece muito bem.

Ficha Técnica:

Título: Morcegos Negros – PC Farias, Collor, Máfias e a História que o Brasil não conheceu
Autor: Lucas Figueiredo
País: Brasil
Ano de Publicação: 2000

Debutando no Na Porteira Cast

NaporteiracastFoi com imenso prazer que participei do NaPorteiraCast, um dos meus programas favoritos, talvez o melhor da podosfera nacional atualmente.

Neste episódio, debatemos sobre Imparcialidade – não só na mídia, mas na vida como um todo. Discutimos sobre técnicas jornalísticas, sobre a formação da opinião e debatemos a importância da internet neste novo cenário da comunicação, onde todos têm direito a se expressar.

Neste momento crítico da política nacional, este programa é um ótimo guia sobre como consumir a mídia.

Ouça o programa “NPC #71 – Imparcialidade” clicando neste link.

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Novos Peixes, Antigas Correntes

Para um comunicador,
principalmente para quem trabalha com TV
e as grande mídias, este texto é perigoso.
Magá e eu estudamos nessa área,
no entanto certas verdades não podem ficar escondidas,
mesmo que nossas carreiras,
hoje, dependam delas.
Enfim, o texto abaixo é do Magá e,
mais uma vez, fala de indignação:

banner-assistencialismo

bolsa-familiaNo Brasil uma prática já conhecida, há muito na história, ganhou intensidade e conceitos novos. O enraizado assistencialismo. Ele se configura na reunião de atividades que visam prestar algum bem ou suprir alguma carência de quem se mostra socialmente necessitado.

Uma das características mais fortes do assistencialismo é prestar ajuda e sanar uma deficiência momentânea. Tal prática não tem a preocupação de criar meios para o auto- provimento da sociedade. Essa política social se difundiu pelo país especialmente durante o governo de Getúlio Vargas.

Não longe do estado, a prática invadiu também os meios de comunicação nacional e não são raros os casos de assistencialismo televisivo. Seus precursores são os famosos programas de auditório do início da década de oitenta que sobrevivem até hoje. Com o tempo o assistencialismo ganhou forma mais comercial na TV.

E os anos 90 viram no fenômeno dos reallity shows uma alternativa dos participantes ‘merecerem’ tal premiação. Esses não ficaram no tempo, bem com evoluíram, mas o assistencialismo buscou também outras formas de se firmar na telinha brasileira. Outros exemplos sempre vincularam prêmios em dinheiro em troca de audiência, como a reforma de carros velhos, a doação de casas novas, a reforma de casas antigas, tarde ou noites de luxo em lugares em que os premiados não teriam chances de ir.

Alguns fatores prendem tal audiência. Um, a esperança de modificar a condição em que essas pessoas vivem. Mesmo na classe média, o trabalhador que esgota suas forças nas indústrias, metalúrgicas e demais fábricas, nutre uma intenção de um dia reverter seu quadro de estresse e possíveis endividamentos. Ou em classes mais baixas como trabalhadores informais que lotam feiras livres nas cidades, praias, vendedores de porta em porta e desempregados que esporadicamente fazem algum serviço remunerado. Esse é o rebanho de uma TV que promete mudanças aos seus ‘escolhidos’.

O que realmente causa desconforto é ver a TV se utilizar dessa condiçãogugu desigual da sociedade brasileira com fins de audiência e, consequentemente, lucros. Se ganha muito dinheiro, hoje, em cima da pobreza e indignidade da imensa massa de brasileiros que não são contemplados por programas de TV. O estado também tem seus meios escusos ao assistencializar a sociedade. Fins eleitoreiros, claro. Manipuladores que visam uma submissão dos assistidos.

O assistencialismo televisivo, bem como o político é um sistema que fixa nas camadas populares a dependência e a submissão a quem as ajuda. Atrelada às dívidas de gratidão impagáveis, são conduzidos às urnas para eleições cada vez menos significativas. Talvez isso justifique em partes a manutenção no poder de peças como senador e ex-presidente Fernando Collor de Melo no poder, como o já falecido e não tão esquecido Antônio Carlos Magalhães e muitos, digo, muitos outros.

A desgastada frase “dar o peixe ao invés de ensinar a pescar” é simbólica desse problema. Dar é vincular, criar laços e esperar retorno de quem é ajudado. Ensinar é gratuito e sinal de evolução e autonomia.

Em 2008, completou-se 120 anos que a escravidão acabou, oficialmente, no país. Seu legado, como sabemos, é terrivelmente desastroso para o Brasil. Mas o preocupante é que a falta de um ensino concientizador entre nós, e uma estrutura televisa exploradora e despreocupada com a formação da consciência social, hoje nos dão outras correntes e outros alforjes, ou seja, os grilhões da dependência intelectual, e conseqüentemente econômica e social.

Enfim, resta a eterna e indignada pergunta: “Que país é este?”. Ou melhor, que país estamos formando?

O Mundo Segundo Hernán Casciari

Há algum tempo recebi por e-mail um texto muito interessante e divertido, escrito pelo jornalista argentino Hernán Casciari, que ilustra muito bem, e de maneira bem curiosa, o funcionamento político do mundo e as relações entre os países.

Casciari (na foto abaixo) nasceu em Mercedes (Buenos Aires), a 16 de março de 1971. É escritor e jornalista, conhecido por seu trabalho ficcional na Internet, onde tem trabalhado na união entre literatura e blog, muito destacado na blognovela. Sua obra mais conhecida na rede, “Weblog de una mujer gorda”, foi editada em papel, com o título: “Más respeto, que soy tu madre”.

O texto é reproduzido abaixo integralmente:

mapa-mundi

hernan-casciariLi uma vez que a Argentina não é nem melhor, nem pior que a Espanha, só que mais jovem. Gostei dessa teoria e aí inventei um truque para descobrir a idade dos países baseando-me no ‘sistema cão’.

Desde meninos nos explicam que para saber se um cão é jovem ou velho, deveríamos multiplicar a sua idade biológica por 7. No caso de países temos que dividir a sua idade histórica por 14 para conhecer a sua correspondência humana. Confuso? Neste artigo exponho alguns exemplares reveladores.

Argentina nasceu em 1816, assim sendo, já tem 190 anos. Se dividimos estes anos por 14, a Argentina tem ‘humanamente’ cerca de 13 anos e meio, ou seja, está na pré-adolescência. É rebelde, se masturba, não tem memória, responde sem pensar e está cheia de acne.

Quase todos os países da América Latina têm a mesma idade, e como acontece nesses casos, eles formam gangues. A gangue do Mercosul é formada por quatro adolescentes que tem um conjunto de rock. Ensaiam em uma garagem, fazem muito barulho, e jamais gravaram um disco.

A Venezuela, que já tem peitinhos, está querendo unir-se a eles para fazer o coro. Em realidade, como a maioria das mocinhas da sua idade, quer é sexo, neste caso com Brasil que tem 14 anos e um membro grande.

O México também é adolescente, mas com ascendente indígena. Por isso, ri pouco e não fuma nem um inofensivo baseado, como o resto dos seus amiguinhos. Mastiga coca, e se junta com os Estados Unidos, um retardado mental de 17 anos, que se dedica a atacar os meninos famintos de 6 anos em outros continentes.

No outro extremo, está a China milenária. Se dividirmos os seus 1.200 anos por 14 obtemos uma senhora de 85, conservadora, com cheiro a xixi de gato, que passa o dia comendo arroz porque não tem – ainda – dinheiro para comprar uma dentadura postiça. A China tem um neto de 8 anos, Taiwan, que lhe faz a vida impossível. Está divorciada faz tempo de Japão, um velho chato, que se juntou às Filipinas, uma jovem pirada, que sempre está disposta a qualquer aberração em troca de grana.

Depois, estão os países que são maiores de idade e saem com o BMW do pai. Por exemplo, Austrália e Canadá. Típicos países que cresceram ao amparo de papai Inglaterra e mamãe França, tiveram uma educação restrita e antiquada e agora se fingem de loucos. A Austrália é uma babaca de pouco mais de 18 anos, que faz topless e sexo com a África do Sul. O Canadá é um mocinho gay emancipado, que a qualquer momento pode adotar o bebê Groenlândia para formar uma dessas famílias alternativas que estão de moda.

A França é uma separada de 36 anos, mais puta que uma galinha, mas muito respeitada no âmbito profissional. Tem um filho de apenas 6 anos: Mônaco, que vai acabar virando puto ou bailarino… ou ambas coisas. É a amante esporádica da Alemanha, um caminhoneiro rico que está casado com Áustria, que sabe que é chifruda, mas que não se importa.

A Itália é viúva faz muito tempo. Vive cuidando de São Marino e do Vaticano, dois filhos católicos gêmeos idênticos. Esteve casada em segundas núpcias com Alemanha (por pouco tempo e tiveram a Suíça), mas agora não quer saber mais de homens. A Itália gostaria de ser uma mulher como a Bélgica: advogada, executiva independente, que usa calças e fala de política de igual para igual com os homens (A Bélgica também fantasia de vez em quando que sabe preparar espaguete).

A Espanha é a mulher mais linda de Europa (possivelmente a França se iguale a ela, mas perde espontaneidade por usar tanto perfume). É muito tetuda e quase sempre está bêbada. Geralmente se deixa foder pela Inglaterra e depois a denuncia. A Espanha tem filhos por todas as partes (quase todos de 13 anos), que moram longe. Gosta muito deles, mas a perturbam quando têm fome, passam uma temporada na sua casa e assaltam sua geladeira.

Outro que tem filhos espalhados no mundo é a Inglaterra. Sai de barco de noite, transa com alguns babacas e nove meses depois, aparece uma nova ilha em alguma parte do mundo. Mas não fica de mal com ela. Em geral, as ilhas vivem com a mãe, mas a Inglaterra as alimenta. A Escócia e a Irlanda, os irmãos de Inglaterra que moram no andar de cima, passam a vida inteira bêbados e nem sequer sabem jogar futebol. São a vergonha da família.

A Suécia e a Noruega são duas lésbicas de quase 40 anos, que estão bem de corpo, apesar da idade, mas não ligam para ninguém. Transam e trabalham, pois são formadas em alguma coisa. Às vezes, fazem trio com a Holanda (quando necessitam maconha, haxixe e heroína); outras vezes cutucam a Finlândia, que é um cara meio andrógino de 30 anos, que vive só em um apartamento sem mobília e passa o tempo falando pelo celular com Coréia.

A Coréia (a do sul) vive de olho na sua irmã esquizóide. São gêmeas, mas a do Norte tomou líquido amniótico quando saiu do útero e ficou estúpida. Passou a infância usando pistolas e agora, que vive só, é capaz de qualquer coisa. Estados Unidos, o retardadinho de 17 anos, a vigia muito, não por medo, mas porque quer pegar as suas pistolas.

Israel é uma intelectual de 62 anos que teve uma vida de merda. Faz alguns anos, Alemanha, o caminhoneiro, não a viu e a atropelou. Desde esse dia Israel ficou que nem louco. Agora, em vez de ler livros, passa o dia na sacada jogando pedras na Palestina, que é uma mocinha que está lavando a roupa na casa do lado.

Irã e Iraque eram dois primos de 16 que roubavam motos e vendiam as peças, até que um dia roubaram uma peça da motoca dos Estados Unidos e acabou o negocio para eles. Agora estão comendo lixo. O mundo estava bem assim até que, um dia, a Rússia se juntou (sem casar) com a Perestroika e tiveram uma dúzia e meia de filhos. Todos esquisitos, alguns mongolóides, outros esquizofrênicos.

Faz uma semana, e por causa de um conflito com tiros e mortos, os habitantes sérios do mundo, descobrimos que tem um país que se chama Kabardino-Balkaria. É um país com bandeira, presidente, hino, flora, fauna… e até gente! Eu fico com medo quando aparecem países de pouca idade, assim de repente. Que saibamos deles por ter ouvido falar e ainda temos que fingir que sabíamos, para não passar por ignorantes.

Mas aí, eu pergunto: por que continuam nascendo países, se os que já existem ainda não funcionam?

A Revolução Silenciosa

Diego Casagrande, jornalista gaucho, publicou em seu site em julho do ano passado, um artigo sobre a revolução silenciosa que está acontecendo em nosso país. Um movimento discreto da esquerda brasileira, que usa de escolas de ensino fudamental e médio, atingindo a mente de nossas crianças. Mas não só. Esse movimento da extrema esquerda tem transformado a mente de nosso cidadãos, impondo o ideal de que a ordem é contra a democracia e deveres suplantam os direitos.

O motivo para republicar aqui no Covil este artigo, não é um mero impulso de um leitor intimidado pelo texto, mas uma tentativa de expôr ao mundo algo que eu mesmo já presenciei: durante um ano, na faculdade, fui bombardeado com ideais comunistas que idolatravam Chaves e Castro, além de outros regimes que geraram apenas morte e pobreza!

Abaixo está reproduzido na íntegra o artigo Revolução Silenciosa, de Diego Casagrande:

Não espere tanques, fuzis e estado de sítio. Não espere campos de concentração e emissoras de rádio, tevê e as redações ocupadas pelos agentes da supressão das liberdades. Não espere tanques nas ruas. Não espere os oficiais do regime com uniformes verdes e estrelinha vermelha circulando nas cidades. Não espere nada diferente do que estamos vendo há pelo menos duas décadas.

Não espere porque você não vai encontrar, ao menos por enquanto.

A revolução comunista no Brasil já começou e não tem a face historicamente conhecida. Ela é bem diferente. É hoje silenciosa e sorrateira. Sua meta é o subdesenvolvimento. Sua meta é que não possamos decolar. Age na degradação dos princípios e do pensar das pessoas. Corrói a valoração do trabalho honesto, da pesquisa e da ordem. Para seus líderes, sociedade onde é preciso ser ordeiro não é democrática. Para seus pregadores, país onde há mais deveres do que direitos não serve. Tem que ser o contrário para que mais parasitas se nutram do Estado e de suas indenizações. Essa revolução impede as pessoas de sonharem com uma vida econômica melhor, porque quem cresce na vida, quem começa a ter mais, deixa de ser “humano” e passa a ser um capitalista safado e explorador dos outros. Ter é incompatível com o ser.

Esse é o princípio que estamos presenciando. Todos têm de acreditar nesses valores deturpados que só impedem a evolução das pessoas e, por conseqüência, o despertar de um país e de um povo que deveriam estar lá na frente.

Vai ser triste ver o uso político-ideológico que as escolas brasileiras farão das disciplinas de filosofia e sociologia, tornadas obrigatórias no ensino médio a partir do ano que vem. A decisão é do ministério da Educação, onde não são poucos os adoradores do regime cubano mantidos com dinheiro público. Quando a norma entrar em vigor, será uma farra para aqueles que sonham com uma sociedade cada vez menos livre, mais estatizada e onde o moderno é circular com a camiseta de um idiota totalitário como Che Guevara.

A constatação que faço é simples. Hoje, mesmo sem essa malfadada determinação governamental – que é óbvio faz parte da revolução silenciosa – as crianças brasileiras já sofrem um bombardeio ideológico diário. Elas vêm sendo submetidas ao lixo pedagógico do socialismo, do mofo, do atraso, que vê no coletivismo econômico a saída para todos os males. E pouco importa que este modelo não tenha produzido uma única nação onde suas práticas melhoraram a vida da maioria da população. Ao contrário, ele sempre descamba para o genocídio ou a pobreza absoluta para quase todos.

No Brasil, são as escolas os principais agentes do serviço sujo. São elas as donas da lavagem cerebral da revolução silenciosa. Há exceções, é claro, que se perdem na bruma dos simpatizantes vermelhos. Perdi a conta de quantas vezes já denunciei nos espaços que ocupo no rádio, tevê e internet, escolas caras de Porto Alegre recebendo freis betos e mantendo professores que ensinam às cabecinhas em formação que o bandido não é o que invade e destrói a produção, e sim o invadido, um facínora que “tem” e é “dono” de algo, enquanto outros nada têm. Como se houvesse relação de causa e efeito.

Recebi de Bagé, interior do Rio Grande do Sul, o livro “Geografia”, obrigatório na 5ª série do primeiro grau no Colégio Salesiano Nossa Senhora Auxiliadora. Os autores são Antonio Aparecido e Hugo Montenegro. O Auxiliadora é uma escola tradicional na região, que fica em frente à praça central da cidade e onde muita gente boa se esforça para manter os filhos buscando uma educação de qualidade. Através desse livro, as crianças aprendem que propriedades grandes são de “alguns” e que assentamentos e pequenas propriedades familiares “são de todos”. Aprendem que “trabalhar livre, sem patrão” é “benefício de toda a comunidade”. Aprendem que assentamentos são “uma forma de organização mais solidária… do que nas grandes propriedades rurais”. E também aprendem a ler um enorme texto de… adivinhe quem? João Pedro Stédile, o líder do criminoso MST que há pouco tempo sugeriu o assassinato dos produtores rurais brasileiros. O mesmo líder que incentiva a invasão, destruição e o roubo do que aos outros pertence. Ele relata como funciona o movimento e se embriaga em palavras ao descrever que “meninos e meninas, a nova geração de assentados… formam filas na frente da escola, cantam o hino do Movimento dos Sem-Terra e assistem ao hasteamento da bandeira do MST”.

Essa é a revolução silenciosa a que me refiro, que faz um texto lixo dentro de um livro lixo parar na mesa de crianças, cujas consciências em formação deveriam ser respeitadas. Nada mais totalitário. Nada mais antidemocrático. Serviria direitinho em uma escola de inspiração nazi-fascista.

Tristes são as conseqüências. Um grupo de pais está indignado com a escola, mas não consegue se organizar minimamente para protestar e tirar essa porcaria travestida de livro didático do currículo do colégio. Alguns até reclamam, mas muitos que se tocaram da podridão travestida de ensino têm vergonha de serem vistos como diferentes. Eles não são minoria, eles não estão errados, mas sentem-se assim. A revolução silenciosa avança e o guarda de quarteirão é o medo do que possam pensar deles.

O antídoto para a revolução silenciosa? Botar a boca no trombone, alertar, denunciar, fazer pensar, incomodar os agentes da Stazi silenciosa. Não há silêncio que resista ao barulho.

Texto publicado originalmente no site DiegoCasagrande.com.br