Texto de Lucas Magalhães
A história de Mentes Perigosas (Dangerous Minds, EUA, 1995) se passa num bairro da periferia de uma cidade do EUA, onde a maioria dos alunos são negros ou latinos. Todos nós sabemos, embora Obama seja o atual presidente dos EUA, como o preconceito racial é pesado naquele país. O sistema educacional Americano, “empurra” estas etnias para seus guetos e a discrimina. O estado sonega sua intervenção. Só se vê exploração e descaso da maior nação capitalista do mundo.
Nesta escola, existe uma sala em particular onde os piores dos piores alunos estão concentrados. Cerca de três professoras passaram pela turma sem nenhum sucesso, e, antes que um surto psicótico matasse uma delas, as professoras se demitiam. Salário baixo, trabalho ingrato e ninguém à vista para vaga, fizeram a direção da escola contratar a inexperiente professora Louanne Jonhson, interpretada por Michelle Pfeiffer.
Ela, uma ex-integrante da marinha americana parece ter sua vida reduzida à única coisa que lhe sobrou: lecionar. Louanne está em busca de reconstruir sua história e vai em busca da realização desse projeto. Mas o que ela não sabe é que ele lhe custará mais do espera. Assim, no primeiro dia de aula ela entra na sala e o cenário que vê é deprimente. Ao som de muito funk e rap, os alunos estão em plena desordem dentro do recinto. Ela mal consegue se comunicar e ainda é ameaçada de agressão por um aluno, Emíllio Ramirez.
A professora então parte para uma decisão importante, ela escolhe lecionar a qualquer custo. O caminho foi conquistar os alunos para então aí, com o caminho aberto, ensinar literatura e gramática inglesa. Bob Dylan dá uma forcinha, confiram…
Mas os desafios são grandes. Ela precisa mostrar aos alunos o contrário do que o sistema e sociedade americana ensinam. Que aquela escola e, especialmente, aquela classe, tem valor, ainda que ninguém acredite neles. Atrás de uma solução, Louanne estimula e cativa, mostrando a cada um dos alunos o quanto podem render, mesmo que o mundo diga que não. Ela é persistente e elabora os planos mais incríveis para conquistar sua turma.
Aos poucos, uma profunda amizade entre professora e alunos se forma, o vínculo é tão forte que Louanne empresta uma quantia em dinheiro a um aluno e dá abrigo a outro. Neste momento, quando ela esconde em sua casa Emílio Ramirez, o mesmo que a ameaçara no início do filme, começa uma das cenas mais interessantes da trama. Ramirez está sendo ameaçado de morte, ele passa uma noite na casa da professora e no dia seguinte, atrás de mais proteção, o aluno procura o diretor da escola; ícone de um estado medíocre e hipócrita, que manda Ramirez ir pra casa só por que não bateu à porta de seu escritório antes de entrar. Ramirez sai, e em seguida, a alguns metros da instituição é morto a tiros por um traficante.
Louanne se desespera e decide abandonar aquela escola. O vazio é grande, e a turma de alunos inteira, lamenta a morte do colega e a partida da professora
A cena a seguir é comovente, além de muito bonita, vale a pena ver. Numa interpretação fantástica, Michelle Pfeiffer (Louanne) se abate, mas os alunos promovem uma série de eventos para convencê-la a ficar. Bem, imaginem o final. Mas assistam ao filme, é tocante.
O poder de escolher, e a descoberta e valorização do ser humano são umas das principais lições desta obra. Fatores capazes de fazer-nos driblar as dores desta vida e vencer. A frieza de um estado injusto e preconceituoso, que só piora a vida de classes menos favorecidas, é claramente afrontada pela persistência e amor da professora Louanne Johnson. Ela é capaz de fazer seus os alunos enxergarem o caminho da vitória, por que vê neles sua própria história no ponto de partida para a reconstrução.