Ponte entre as escolhas

as-pontes-de-madisonQuando Clint Eastwood aparece em cena, o expectador já espera por um personagem viril, bruto, pronto a protagonizar cenas de tensão e violência. Mas quando o mesmo Eastwood assume sua cadeira de diretor, pode-se aguardar mais um ótimo drama, de viés extremamente humano, inquietante e comovente. Esta última característica é a que se sobrepõe em As Pontes de Madison (The Bridges of Madison, EUA, 1995), onde Francesca Johnson (Meryl Streep) e Robert Kincaid (o próprio Clint) protagonizam um rápido romance, criado pelo acaso e impedido pelas circunstâncias.

O roteiro de Richard LaGravanese (adaptado do livro de Robert James Waller) poderia ser apenas mais uma história romântica e adocicada, um filme de amor proibido, impedido de ir em frente por algum antagonista egoísta ou ciumento. No entanto, apesar do triângulo amoroso presente no longa, quem trama contra o amor dos protagonistas são suas próprias escolhas e as conjunturas da vida. E a sensibilidade de Eastwood na direção apenas reforça a profundidade do texto.

Ambientado na década de 1960, o longa narra a história póstuma de Francesca, uma dona de casa do interior de Iowa. Vinda da Itália após se casar com Richard (Jim Haynie), então um militar em campanha na Europa, a protagonista leva uma vida pacata na fazenda da família, devotada aos filhos e ao marido. Após sua morte, seus filhos, já adultos, são procurados por um advogado, que lhes entrega um comunicado de que a mãe queria ser cremada e um diário, onde Francesca revela o segredo que guardou por metade da vida.

as-pontes-de-madison03Ao lerem as confissões de Francesca, seus filhos descobrem seu envolvimento com Kincaid, um fotógrafo de passagem pelas redondezas para fotografar as famosas pontes cobertas do Condado de Madison. Durante a ausência da família, que viajara por quatro dias, a recatada dona de casa conhece, se apaixona e se entrega ao gentil fotógrafo que aparece em sua porta pedindo informações. Mesmo num espaço de tempo tão curto, a paixão arrebatadora desperta a indecisão de Francesca: fugir e se ver livre de sua prisão familiar ou ficar e cultivar a lembrança de um amor que não pôde viver.

Desenvolvida sobre a atuação impecável de Streep, que reveza momentos de timidez, atrevimento e receio, Francesca se mostra presa entre os desejos e sonhos primitivos de liberdade e amor e aqueles realistas e racionais, que ponderam sobre seus possíveis arrependimentos, sua gratidão ao marido e suas obrigações de mãe. Não apenas isso, sua preocupação com a opinião da sociedade, não consigo própria, mas com o julgamento que fariam de seu marido abandonado.

A moral construída no seio familiar, somada àquela da sociedade rural ao qual estava inserida, são as formadoras do caráter da personagem, que a colocam nesse impasse e acabam por guiar suas decisões: os impulsos primitivos são refreados pelos deveres com a família; o amor a um homem desconhecido é cerceado pelo amor aos filhos; e, mesmo insatisfeita com um casamento que lhe tirou da Europa para lhe colocar entre caipiras americanos, a compreensão diante de um marido que nunca lhe tratou mal. Privada de seus sonhos, os problemas de Francesca eram levar uma vida perfeita demais: um lugar tranquilo, em meio à rotina, o enfado e o tédio.

as-pontes-de-madison01Esta mesma moral perpassa as gerações e é refletida nos filhos da protagonista, que aos poucos leem seu diário e descobrem seu segredo. Apenas o desejo de ser cremada já lhes foi um primeiro golpe. Quebrar a tradição familiar e não ser enterrada ao lado do marido já era motivo suficiente para chocar seus herdeiros. Estar diante da história de traição lhes fora um choque ainda maior, impensável e incompreensível a princípio.

Do outro lado desse romance, o aventureiro Robert Kincaid se mostra mais que um simples sedutor. Diferente de Francesca, o personagem de Eastwood é livre, desbravador, corajoso o suficiente para se livrar daquilo que não o satisfaz. Mas ao mesmo tempo, de certa forma, infeliz com a solidão do trabalho que o obrigava a viajar com frequência. A face bruta de Clint Eastwood, seu olhar penetrante, sua expressão dura e decidida, dão ao longa a contraparte das frustrações de Francesca.

Mais uma vez Eastwood coloca os personagens de seus filmes vivendo os dramas de suas escolhas, num filme que não trata de amor, mas de sacrifícios.

Post Scriptum – Do Projeto à Conclusão (e mais o Trailer)

Só quem já escalou uma montanha sabe como é grandiosa a sensação de se chegar ao cume, mesmo que lá em cima não tenha nada. Após quatro anos de faculdade, eis que também chego ao cume, no ápice do curso, o momento final que separa o estudante do profissional! E para a conclusão desses quatro anos, apresentei na última quinta-feira, dia 25, o nosso trabalho derradeiro, o último, que vem sendo desenvolvido desde agosto do ano passado: Post Scriptum, a série!

Há um ano e meio minha equipe e eu estamos trabalhando duro, em diversas áreas, para realizar um trabalho desafiador e que, por muitas vezes, parecia estar além das nossas capacidades. No início foram apenas pesquisas – passeios históricos pela Literatura, o Cinema, o Teatro, as Histórias em Quadrinhos, a TV e por diversos jornais e revistas, acumulando todo o conhecimento possível sobre uma peculiar e consagrada criatura mística que a todos seduz com grande facilidade: o Vampiro! Da Grécia Antiga ao Brasil Moderno, passando pela China e pelos vampiros Andinos; de Polidori a Stephani Meyer, passando por Stoker e Rice; do expressionismo alemão, passando pelo terror adolescente dos anos 1980, até chegar ao terror romântico das atuais produções vampirescas… Todo o caminho foi percorrido para que a pré-banca, em novembro de 2009, aprovasse com louvores o nosso projeto! E só então passamos à parte prática.

Paralelamente aos demais trabalhos da faculdade, começamos, ainda em janeiro, a desenvolver o roteiro da série e a criar os personagens. E assim Post Scriptum começou a tomar forma: uma micro-série de seis episódios por temporada, com 40 minutos de duração cada, projetada para um canal a cabo. Claro que não gravamos todos. A exigência da faculdade é que se faça apenas o programa piloto, ou seja, apenas o primeiro episódio. Os demais foram entregues no papel mesmo.

Após um debate sobre a Copa do Mundo (outro trabalho da faculdade, que, infelizmente, ainda não apresentei aqui no Covil) estávamos finalmente com o roteiro pronto, em junho deste ano. Daí partimos para a fase de produção. Entre julho e agosto aconteceram muitas coisas, as quais não vou entrar em detalhes, mas que resultaram em desistências, brigas, 3500 reais jogados no lixo e um recomeçar do zero. Não foi exagero quando nosso colega Will nos comparou a Fenix, pois realmente renascemos das cinzas e superamos as expectativas de todos que apostavam no fim do projeto. Voltando à idéia da montanha, caímos de um abismo e tivemos que reescalar todo um contraforte. Mesmo com a frustração, nós continuamos.

Agosto, setembro, outubro e agora novembro, sempre produzindo e gravando, nos divertindo e nos matando, elogiando e, algumas vezes, esgoelando alguns atores. Mas tudo deu certo e a edição feita pelo Kikito fechou o trabalho com chave de ouro! E ao fim, a apresentação final, o desafio da Banca, o recebimento da nota e, com honras, o fim da faculdade!!! A chegada ao cume.

Ao fim de tudo, eu mesmo me achei um chato. Antes da entrega aos professores, quando finalmente assisti ao piloto pronto, fiz diversas críticas e não gostei de muitas coisas. Porém, para minha surpresa, tudo o que eu apontei como defeito, durante a banca foi apontado como qualidade pelos professores. Desde o Barril, nunca vi um trabalho ser tão elogiado. Eu realmente não esperava tantos comentários positivos da banca e ainda aqui reforço meu desgosto por alguns trechos. Mesmo assim, se a banca disse, então tá dito!

Em resumo, nós fomos aprovados com grande glória, sob aplausos, abraços, lágrimas e elogios!

Mas o que é Post Scriptum?

A série nos conta a história de duas vampiras paulistanas, as irmãs Júlia e Sofia, que há 15 anos foram mordidas e transformadas pelo cínico e secular vampiro Felipe. Porém a personalidade forte de Sofia e a morte súbita de Felipe, fazem com que as irmãs, mesmo com a nova dieta, continuem a levar uma vida relativamente normal, alheias ao sub-mundo dos demais vampiros. Mas a vida tranqüila das irmãs começa a virar de ponta-cabeça quando elas descobrem que alguém mais sabe sobre seus segredos. Será que Felipe está de volta? Ou algo ainda pior está caçando Sofia e sua irmã?

E o cenário dessa aventura de suspense e terror é a imensa cidade de São Paulo, com suas típica paisagens cinzentas, tempo chuvoso, trânsito fechado, drogas e violência.

Em breve, não percam a estréia do episódio piloto, aqui mesmo no Covil! Por enquanto, deixo apenas o trailer para vocês terem um gostinho do é todo o episódio.