Este Texto não é Livre – Como o Pensamento de Foucault Pode Explicar as Limitações do Jornalismo

O texto a seguir foi composto
para a avaliação da disciplina
Análise do Discurso e é postado aqui
apenas para registro e curiosidade dos leitores.

FoucaultA partir  do momento em que o jornalista detém para si  a fala do entrevistado, ele detém também o poder do discurso, a capacidade de moldar o discurso alheio de modo a se beneficiar dele em seu próprio discurso. Essa mesma relação de poder, porém, também se dá entre o jornalista e fatores que o impedem de enunciar os acontecimentos com total liberdade e originalidade.

Segundo Foucault, existem fatores Internos e Externos que limitam e conduzem o discurso. A relação de poder, partindo desta análise, foca-se nos sistemas Externos, ou seja, na relação do enunciador com a instituição na qual ele está inserido. Foucault enumera três fatores externos: a “Interdição”, a “Separação” e a “Vontade Verdade; cada qual uma formação complementar de relação do enunciador com o ambiente que o cerca.

A Interdição é o impedimento de se dizer o que quer à quem e/ou onde quiser. A Separação é a necessidade de aprovação do discurso por outrem. Enquanto a Vontade de Verdade diz respeito à relatividade dos valores, que poder ser verdadeiros ou falsos, dependendo do âmbito no qual estão inseridos.

Tendo por base o pensamento de Foucault, é fácil entender as relações de poder que limitam o discurso do jornalista, sendo que este encontra-se naturalmente inserido em instituições que conduzem e moldam seu texto. É fácil citar exemplos que cerceiam o discurso jornalístico, como a linha editorial do veículo, influências econômicas dos anunciantes, empecilhos políticos ou mesmo determinações legais.

Em um exemplo extremo, o jornalista jamais poderia publicar acusações ao veículo do qual faz parte ou aos funcionários que ali trabalham. Nem mesmo se voltar contra empresas que o patrocinam ou ir contra a legislação local.

É, portanto, compreensível que todo e qualquer discurso jornalístico seja limitado a regras implícitas – jogos de poder – que conduzem o jornalista na construção do seu texto e o impedem de expor livremente seu enunciado.