Texto de Lucas Magalhães
Em Perfume de Mulher (Scent of a Woman, EUA, 1992), um adolescente pobre do interior dos EUA tem a oportunidade de estudar num colégio de segundo grau importante e de alto nível de ensino. Ele é Charlie Simms interpretado por Chris O’Donnell. Simplicidade e ingenuidade levam Charlie a se juntar com alunos burgueses que aprontam uma cilada para o diretor do colégio.
A disciplina no colégio Baird e sua disfarçada hipocrisia deixam os amigos de Charlie revoltados. Assim, numa terça-feira de manhã, o diretor e o carro novo dele são acertados por uma grande quantidade de tinta que mancha o veículo e o ego do educador que passa por uma situação ridícula diante de muitos alunos.
Charlie, embora não tenha participado do plano, viu, ao sair da biblioteca onde trabalhava na noite anterior, quem armou tudo. Junto a outro aluno, são interrogados e ameaçados se não cooperar. Caso não ajudem a descobrir quem fora o autor do peça, Charlie e seu amigo serão expulsos, o que seria o fim dos planos de Charlie para o futuro.
Uma espécie de tribunal interno do Baird será instaurado na próxima segunda-feira, tempo que o diretor do colégio dá a Charlie para pensar se delata ou não seus colegas. Em troca o diretor oferece uma recomendação para que o aluno estude de graça em Harvad. O circo estava armado. Charlie se vê diante de uma situação em que terá que decidir entre entregar seus companheiros ou abandonar a escola.
No final de semana, Charlie consegue um “bico”. Ele precisa de dinheiro para ver os pais no natal. O serviço é cuidar de um idoso cego. O que parecia simples vai levar Charlie a experiências importantes e à chance de resolver seu problema.
Al Pacino interpreta um oficial reformado do Exército Americano, o Coronel Frank Slade. Frank está cego há cinco anos e deprimido. Tem planos de ir a Nova York e viver um último fim de semana de prazeres e depois se matar. Para ajudá-lo convence Charlie a ir com ele. Atrás de toda a ingenuidade do aluno do Baird está um coração puro que além de guiar o coronel nas suas loucuras, o convence a desistir do suicídio.
Com um final surpreendente, o filme mostra como um velho, cego e inválido oficial do Exército consegue enxergar a partir de Charlie, a razão para continuar vivendo. Diante do Tribunal do colégio, o Coronel auxilia Charlie a se livrar da expulsão sem delatar seus amigos. O discurso de Slade é fantástico vale a pena conferir os detalhes.
Razões e escolhas são as duas nuances que ajudam a interpretar o cenário da obra. Enquanto o Coronel Slade estava internado em seus próprios problemas ele não conseguia ver sentido para continuar vivo, mas ao encontrar e ajudar Charlie, o velho rabujento redescobre o valor que ele mesmo possui. Charlie é um olhar de esperança e amor em direção ao ex-oficial. Ele consegue ver no arrogante Coronel um fio de bondade e valor.
Entre outras coisas o filme mostra que vencer obstáculos na vida também depende de como somos vistos pelos outros. O Coronel conseguiu se livrar das trevas de sua vida a partir de um raio de esperança lançado pelo jovem estudante sobre sua vida. A moral da história é que se alguém acredita em nós, podemos superar nossos limites pessoais. Assista ao filme, vale a pena.