Tom Zé: excêntrico aos 80

Tom ZéPrestes a completar 80 anos de idade, Tom Zé carrega em sua alma as experiências de uma longa e produtiva vida, mas não abre mão da impulsividade da juventude. Sua obra musical, tão complexa e extravagante, atrai fãs leais e engajados na mesma complexidade, mas não o afasta das polêmicas.

Batizado como Antônio José de Santana Martins, Tom Zé assumiu o nome artístico ainda na Bahia, onde nasceu. Junto com Gilberto Gil e Caetano Veloso, Tom foi um dos pais da Tropicália, numa época em que o país vivia assombrado pela Ditadura Militar. A excentricidade dos músicos baianos acenderam o estopim do movimento que iria marcar a história da música popular brasileira, com canções e atitudes tão desafiadoras contra o regime que dominava o país, que renderia o exílio a alguns deles.

Se Caetano e Gil são hoje senhores respeitáveis, apenas sombras das loucuras do passado, o mesmo não pode se dizer de Tom Zé. O músico nunca abandonou a extravagância da juventude e ainda hoje age, se veste, canta e compõe com a mesma impulsividade dos tempos de juventude.

A mídia, no entanto, por muito tempo o esqueceu. Enquanto os demais tropicalistas sempre estiveram sob os holofotes, mesmo depois do auge da fama, Tom se perdeu em meio ao turbilhão de novos astros e bandas que surgiram após as eleições diretas. Talvez por ter sido o único deles a não ser exilado, Tom tenha perdido a força ao representar a resistência. Ou talvez porque suas músicas não são tão facilmente decifradas pelo público geral.

Tom Zé 2

Tom Zé em ensaio para a revista Bravo (2012)

Contam boatos de que, na última década, ele cortava grama para viver. Em 20 13, foi redescoberto, não pelo talento, mas pela polêmica involuntária. Ao participar de um comercial da Coca-cola, seus fiéis fãs o taxaram de vendido e repercutiram críticas nas redes sociais. Tom Zé voltou a ser assunto e acatou as reclamações. Dizem até que devolveu o dinheiro do cachê.

“Sempre procurei fazer música para essas pessoas que me seguem e sempre estive trabalhando como quem trabalha para elas. Eu sou um empregado que tem um patrão”, comentou o cantor, logo após a polêmica. Como resultado, lançou o álbum “Tribunal do Feicebuqui”, ainda em 2013, onde usa sua música para falar sobre o poder das redes virtuais para condenar ou absolver qualquer um que se transforme no réu da vez em suas discussões.

Tom Zé nunca teve medo de ser contestado, mas também nunca viveu do sensacionalismo. Sua carreira é marcada de polêmicas, mas não por querer aparecer através delas, mas sim por ter sua obra acima destas questões. Uma coisa é verdadeira na carreira deste baiano, que diz ter nascido ainda na Idade Média: as polêmicas não esgotam e nem sobrepõem seu talento. Elas são a parte genial de sua obra.

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