2012 e sua Fórmula Mágica

Imagine a fórumla A + B + C = Sucesso!!! Podemos representá-la de várias formas, invertendo os fatores (B + C + A = Sucesso) ou mesmo mascarando cada um deles: B + C + A, B + C + A, B + C + A. Não importa a ordem ou a máscara que usemos, os fatores serão sempre os mesmos e o resultado será sempre o Sucesso (ou não)! Pois bem, foi essa a fórmula mágica descoberta pelo diretor Roland Emmerich, que já a usou em filmes como Independecy Day e O Dia Depois de Amanhã, e agora a repete em 2012 (idem, EUA, 2009), seu novo filme catástrofe – que de “novo” não tem nada.

O longa conta as histórias paralelas de Adrian Helmsley (Chiwetel Ejiofr), o cientista americano que descobre com antecedência os fenômenos que culminarão no fim do mundo e toda a sua fraca labuta para que o governo dos EUA salve, mesmo que secretamente, o maior número de pessoas; e de Jackson Curtis (Jonhn Cusack), o escritor que descobre por acidente os segredos sobre o fim do mundo e dispara filme em frente para salvar sua família.

Baseado na teoria maia na qual o mundo acabaria em 2012, mas aproveitando muito pouco dessa idéia, que mal é citada no decorrer do longa, Emmerich conta uma história padrão, tão conceitual e repetitiva em filmes do gênero – nada que o espectador já não tenha visto em produções semelhantes. O mesmo pai divorciado de Guerra dos Mundos que tenta reconquistar o amor dos filhos; os mesmos tsunamis de Impacto Profundo e O Dia Depois de Amanhã; as mesmas cidades destruídas de Independence Day; as mesmas erupções de Volcano e O Inferno de Dante! Está tudo ali. Com um tempero diferente, um pouco mais salgado, porém o mesmo arroz com feijão de Hollywood.

Há ainda as cenas repetitivas que cansam o espectador. O famoso “enchendo lingüiça”! Primeiro os protagonistas fogem de carro, e o mundo desaba atrás deles. Depois de bimotor e o mundo desaba atrás deles. Em seguida em um gigantesco avião russo e o mundo (deja vu?) acabando atrás deles.

E o fato de que, indo na contra-mão de tudo o que poderia acontecer de caótico com a sociedade no meio de uma catástrofe, Emmerich, em todos os seus filmes, sempre coloca as pessoas se ajudando, como almas caridosas em um bom senso de conservação social – e não individual. O mesmo se repete em 2012. Até mesmo o empresário russo, o único que pode ser interpretado como antagonista, tem seu momento de redenção. Aliás, essa é a palavra que define todos os personagens e as situações da fita: ao fim, todos buscam sua própria redenção. Até mesmo o presidente negro busca se redimir por brincar de Deus ao escolher as almas que se salvarão e as que perecerão e por  não avisar toda a população a tempo (uma alusão descarada a Barack Obama e a situação em que assumiu o governo imperialista de Bush sobre o mundo).

Se “redenção” define as conjunturas do filme, “clichê” define o filme em si, por inteiro! Tão, mas tão clichê, que o espectador consegue antever todas as suas cenas: a rachadura separando os dedos de Deus e de Adão na pintura de Michelangelo, a ninfeta russa empinando o dedo do meio num momento de júbilo, a destruição do Cristo Redentor (afinal também há “redenção” em seu nome) e até mesmo o final com sua carga extremada de esperança – afinal não importam as desgraças, sempre há redenção e salvação.

Clichê! Chavão! Lugar-comum! Alienígenas, meteoros, aquecimento global e agora o vento solar! Uma Arca de Noé da Era Moderna! O estilo de filme que se vale pelos efeitos visuais e não pelo roteiro. Um filme que irá morrer e ser esquecido logo que adentrarmos no ano de 2013 incólumes. Vejamos por mais quanto tempo essa fórmula mágica de Emmerich continuará resultando em Sucesso. Pelo menos enquanto o público continuar aceitando essa mesmice do cinema catástrofe!

4 respostas em “2012 e sua Fórmula Mágica

  1. Impressionante o fato de que a humanidade ainda se fascina com a própria destruição, mas pode até ser que alguns se apoiem nesses fatos catastróficos, ou seja, uma maneira de fugir da atual conjuntura social e econômica, questionar a aperente força das sociedades civilizadas; vê-se a verdadeira sociedade, e então cai-se a “mascara” da estabilidade. Há quem diga que a extinção da humanidade tem ocorrido num processo silencioso/sutil nos nossos dias, o mundo se “acaba” para as vítimas de tais catástrofes (guerras, instabilidade política etc). A questão é que não atinge a todos, e é por isso que não há diretrizes para procurar resolver tais tragédias, pode ser que o filme traga essa crítica, a de que nunca o homem pensa no homem numa conjuntura de longo prazo, mas só dá atenção quando o mundo desmorona num curto prazo.

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  2. Pra quem estava com dificuldade de concluir o texto, ficou excelente!

    Bom… minha opinião sobre o filme tu já sabes. O fato é: mesmo eu, que adoro filmes-catástrofe, e pouco me importo com defeitos neles apresentados (e existem muitos) me incomodei muito com esse 2012. Não vi nada de novo, além dos efeitos especiais.
    Daí há quem diga: “ah, mas eu não vou ver esse filme pra ver uma história, quero ver a destruição”. Então essa pessoa não quer ver filme, porque filme sem história não é ‘fazer cinema’. É essa falta de senso crítico das pessoas que faz Emmerich dar de ombros às críticas, embolsar os bilhões que o filme rener – e vai render MUITO – e logo, logo pensar em mais uma coisa pra destruir. O que será agora, o Sistema Solar?

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  3. Parabéns Menino Orc!!!! Excelente o texto sobre o filme… Eu particularmente amo filmes de catástrofe, mas tenho que concordar em todas as circunstâncias com o que vc escreveu, principalmente sobre as cenas básicas para a enrolação de tempo de filme, onde tudo desaba em torno de tudos…
    São as partes cansativas, mas que de qualquer forma é o que atrai um bando de gente… adoram o sensacionalismo, e nada mais sensacionalista que tudo desabando diversas e diversas vezes em cima de cada coisa possível e destruindo como sempre todos os meios de transporte e o que mais aparecer pela frente… Cliche… mas ainda adoro catástrofes! =D
    =*

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  4. Lí só prq já sabia que vc ia escrever tudo isso. E concordo plenamente.
    Eu não tive coragem de desperdiçar 3h vendo isso, assisti, por parte na tv e o q encontrei foi o mesmo que já vi antes. E fico abismada quando ouço alguém falar “-Pow, efeito visual irado. Super filme”, e ouvi isso mais de uma vez.
    Nem os efeitos visuais foram “aquela coisa!”, tudo bem que eu jamais nem vou conseguir imaginar como se faz aquilo, mas ninguém merece.
    É muito tempo pensando no futuro assistindo um filme, prefiro pensar no meu futuro lendo um livro ou assistindo jornal. Sei lá, os efeitos especiais das reportagens no afeganistão ao vivo e os da minha mente, principalmente, são mais convincentes e emocionantes.
    2012, eu não morri, e isso é o que importa. Aprendi muita coisa e foi um ano muito relevante pra mim.
    E é isso que importa
    =D

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